Transtornos de Ansiedade

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Hoje falaremos sobre..

 

Transtornos de Ansiedade

 

Origem evolutiva:

A teoria de Darwin acerca da evolução propõe que características mais adaptativas ao ambiente, por promoverem vantagens para o indivíduo que as tem comparado com os demais que não tem, aumentando as chances desta característica ser passada para as futuras gerações que também terão vantagens sobre os demais indivíduos.

Reações emocionais, incluindo as relacionadas a sistema de defesa também sofrem adaptações e são selecionadas. O organismo conta com mecanismos de captação de sinais que podem indicar diversas coisas, inclusive situações de perigo. Porém, estes sinais podem ser ambíguos e isso pode gerar uma interpretação errada podendo ser a de “falso positivo” e “falso negativo”.

O falso positivo tende a interpretar alguns sinais neutros como situação de perigo e agindo de forma a promover a manutenção da sobrevivência geralmente com comportamento de fuga ou esquiva.

O falso negativo tende a interpretar alguns sinais de perigo como algo neutro e por isso, ao invés de evitar o perigo ele não reage, logo, suas chances de morrer e não passar suas características para as próximas gerações é muito alto.

Por isso a prevalência de pessoas com uma exacerbação da característica de atenção à situação de perigo está entre as psicopatologias de maior incidência na população, com cerca de 30%.

 

Quando a ansiedade se torna um transtorno ansioso? O que é isso?

A ansiedade é uma emoção normal em circunstâncias de ameaça, quando temos que lidar com algo novo ou temos que vencer desafios (como apresentar um trabalho muito importante ao chefe e conseguir uma promoção). É considerada como fazendo parte da reação de sobrevivência evolutiva de “luta ou fuga”. Quando a ansiedade está presente em circunstâncias em que não é adequada ou adaptativa, trazendo prejuízos e comprometimentos para a vida do indivíduo e dependendo da intensidade e frequência em que ocorre (sendo necessária a avaliação minuciosa de um profissional) falamos de um transtorno que requer tratamento. Ocorre com maior incidência no público feminino e pode ser desencadeado pelo estresse crônico, que funciona como um caminho fértil para o desenvolvimento de diversas psicopatologias.

 

O que se sente?

Em geral, podemos considerar que os transtornos de ansiedade sejam baseados na ativação inapropriada de reações de defesa, em decorrência de uma avaliação errada de potenciais riscos. Os sintomas típicos e comuns a todos os tipos de transtornos incluem comportamento de evitação ou fuga, hipervigilância (estado exacerbado de alerta) e ativação autonômica (aumento da pressão arterial, aceleração dos batimentos cardíacos, respiração mais curta e mais rápida, mãos mais frias e tensão muscular) que preparam o corpo para lutar ou fugir. No caso dos transtornos, essas manifestações ocorrem mesmo quando não há uma ameaça ou necessidade de luta ou fuga (resposta inadequada de medo).

 

Existem vários tipos de Transtorno de ansiedade?

Sim, e cada um deles apresentam sintomas em comum.

Transtorno de ansiedade generalizada (sintomas centrais: medo, ansiedade e preocupação generalizadas, fadiga, dificuldade de concentração, problemas de sono, irritabilidade e tensão muscular). Caracteriza-se por pelo menos 6 meses de ansiedade e preocupação excessivas e persistentes.

Transtorno de Pânico (sintomas centrais: ansiedade antecipatória e preocupação relativa aos ataques de pânico. Sintomas associados: ataques de pânico inesperados e evitação fóbica ou outras comportamentos ligados ao temor dos ataques).

Transtorno de ansiedade social (sintomas centrais: ansiedade ou medo em relação ao desempenho social e preocupação com exposição social. Sintomas associados: ataques de pânico previsíveis e esperados em determinadas situações sociais e a evitação fóbica dessas situações);

Transtorno de estresse pós-traumático (Sintomas centrais: ansiedade enquanto o evento traumático está sendo revivido, preocupação em vivenciar e sentir os sintomas novamente – como aumento da ativação e respostas de sobressalto, dificuldades de sono incluindo pesadelos – e comportamentos de evitação);

Transtorno obsessivo-compulsivo (Sintomas centrais: ansiedade que desencadeia obsessões e compulsões na tentativa de reduzir a preocupação, assim como as próprias obsessões, que podem ser vistas como um tipo de preocupação. Sintomas associados: compulsões).

Qual o tratamento? O que devo fazer?

Primeiramente, procurar a avaliação psicológica de um profissional. Somente após entrevistas e uma avaliação dos sintomas, da frequência em que ocorrem, do nível de comprometimento destes sintomas na vida do indivíduo e de acordo com tempo em que vem se apresentando é que poderá ser diagnosticado (não vale somente ler na internet e concluir que possui um transtorno de ansiedade). A combinação inteligente de mecanismos psicofarmacológicos (fármacos específicos para ansiedade) com intervenções psicoterápicas, como a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), tem demonstrado resultados muito promissores. A TCC, por meio de técnicas de exposição gradual auxilia ao paciente à enfrentar os estímulos indutores de medo e ansiedade, em um ambiente seguro. Também se utiliza a psicoeducação, a identificação dos pensamentos automáticos e das emoções, a identificação das crenças centrais e intermediárias e a reestruturação cognitiva.

Dentro da Psicologia, existem diferentes teorias sobre o ser humano e formas de lidar com as demandas que são trazidas ao psicólogo. Uma delas é a Teoria Cognitivo-Comportamental. Uma das bases desta abordagem é que o comportamento é regido por ideias formadas durante o processo de crescimento do indivíduo, e são denominadas crenças centrais. Estas crenças são a base do pensamento do indivíduo obtidos a partir dos fatos da vida.

As Crenças Intermediárias, são elaboradas a partir da crença central e, como esta dá sentido ao que a pessoa vê do mundo. Os Pensamentos Automáticos são o resultado da interpretação de um determinado fato ou contexto pelas crenças e tem como resultado pensamentos que dão a ideia de surgirem “automaticamente” na mente do indivíduo e este percebe este processo como um pensamento próprio, que não foi interferido por crenças ou qualquer outra coisa (BECK, 1997).

A força das crenças está na constante manutenção de confirmação. Segundo Beck (1997), as crenças geram pensamento, que produz um comportamento e uma emoção que confirma o pensamento, e assim, a crença.

Nos casos de transtorno de ansiedade, a intervenção a partir da TCC tem como objetivos básicos a identificação, junto com o paciente, das crenças distorcidas, psicoeducação (explicação para o paciente como funciona o ser humano para a teoria cognitivo-comportamental e como funciona o transtorno de ansiedade que ele apresenta) questionamentos acerca da veracidade das crenças e automonitoramento de pensamentos negativos. Além disso há a elaboração, junto com o paciente, de estratégias de enfrentamento por aproximação sucessiva de exposição aos estímulos que desencadeiam as crenças distorcidas.

Vale ressaltar que este é um exemplo de estratégia de intervenção. Cada caso é único, por isso ele precisa de estratégias diferentes, mas um ponto essencial é que o empenho do paciente no tratamento é fundamental.

 

Referências:

Abílio, V. C.; Calzavara, M. B.; Ribeiro, A. M. & Silva, R. H. (2006). Modelos animais em psicofarmacologiaIn Almeida, R. N. de. Psicofarmacologia: Fundamentos práticos, Rio de Janeiro: Nova Guanabara.

Beck, Judith S. (2007). Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed.

Rangé, B. (org.) (2011) Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria (2ª ed.), Porto Alegre: Artmed.

Stahl, S. M. (2010). Psicofarmacologia: Bases neurocientíficas e aplicações práticas (3ª ed.), Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

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